Parques urbanos

Circuito cultural

Circuito Cultural e de Lazer - Arte urbana e espaços comunitários em Valparaíso de Goiás

Raquel Braz

A inexistência de planejamento antecipado das áreas que deveriam ser destinadas a praças, escolas, hospitais, e todos os órgãos institucionais, faz com que os projetos sempre sejam locados em espaços remanescentes.  Tendo em vista o problema da falta de espaços de lazer, o projeto Circuito Cultural de Lazer procurou atender a população, sugerindo propostas de melhorias dos espaços ociosos a partir do envolvimento da comunidade no processo por meio de questionário e dinâmicas. O resultado engloba a recuperação das regiões não utilizadas por falta de segurança, visando mais vitalidade urbana nos becos existentes, mobilidade mais sustentável, áreas de compostagem de resíduo orgânico, infraestrutura verde e produção de alimentos no parque linear proposto para promover um corredor ecológico paralelo à linha de trem (Figuras 1, 2 e 3). A intervenção teve início com promoção da arte urbana como um meio de integração entre as classes sociais, e visando o bem-estar de toda a comunidade, na tentativa de ressignificar os espaços criando um sentimento de pertencimento e afeto pela cidade que moram.

Para avaliação e soluções projetuais foram utilizados os métodos do Processo Participativo e os Princípios das Dimensões da Sustentabilidade e das Dimensões Morfológicas, que são classificadas em: Sustentabilidade Ambiental, Sustentabilidade Social, Sustentabilidade Econômica e Sustentabilidade Cultural e Emocional.

O projeto conta com ruas verdes e criação de espaços arbóreos, hortas comunitárias e paisagismo produtivo, tendo em vista a carência de áreas verdes da cidade como um todo. Reaproveitamento de águas servidas e acesso à água com a criação de pequeno lagos, atendendo a Sustentabilidade Ambiental.

De acordo com a Sustentabilidade Social, foram propostos vários espaços comunitários para interação entre classes sociais e diferentes faixas etárias, assim como a acessibilidade, inexistente na região. Criação de equipamentos públicos para melhor comunicação entre as vias separadas por uma linha férrea. Mudança do sistema viário e criação de calçadas para atender o pedestre. E por fim a promoção do sentimento de pertencimento ao local devido à participação da comunidade, tornando-os responsáveis pelas decisões de projeto.  

Considerando a Sustentabilidade Econômica, o projeto foi posicionado em áreas remanescentes, bem como um corredor livre ao lado da linha férrea da cidade, com pavimentação permeável e rede de drenagens. Propondo iluminação para uso noturno do parque e equipamentos públicos para lazer da comunidade, além do aumento de comércios abertos em diferentes horários para segurança local e diversificação do uso do solo que é basicamente residencial.

A Sustentabilidade Cultural e Emocional foi definida através da criação de uma identidade própria para a cidade recuperando e valorizando a infraestrutura existente, dando ênfase na arte urbana que é bastante visível no local. Pela criação de marcos visuais e estruturação dos becos, transformando-os em espaços comunitários e seguros, mantidos pela comunidade. Sendo possível assim a geração de laços afetivos pelo bairro e consequentemente pela cidade.

A escolha da área deste trabalho se deu pela necessidade de áreas livres, arborizadas e pela carência de espaço para cultura e lazer. A cidade de Valparaíso de Goiás, cidade dormitório, carece cada vez mais de espaços comunitários para jovens, adultos e crianças. Valparaíso emancipou-se a pouco tempo da cidade de Luziânia – GO e com apenas 20 anos, ainda procura se estruturar. Atualmente, é a cidade que mais cresce no entorno de Brasília e ainda enfrenta a dificuldade para concessão de áreas livres públicas, pelo seu histórico de rápido crescimento, devido à construção de Brasília.

Parques lineares

Parques lineares e margens de corpos hidrícos

Marina Eluan

A sustentabilidade do ciclo da água e a preservação do ambiente coexistindo com a vivência da população na Orla do Lago Paranoá são o enfoque do parque. Esses pontos são fundamentais para satisfazer o desejo que foi a motivação do projeto: termos em Brasília áreas de lazer e esporte estruturadas que o público possa ter uma relação próxima com a água. O projeto é um parque urbano sensível à água localizado no Lago Sul, onde funciona hoje o projeto esportivo Praia do Cerrado, dentro da Área de Relevante Interesse Ecológico do Bosque. O terreno em frente ao Pontão do Lago Sul foi escolhido, pois já está sendo utilizado pela população com área de lazer e acesso à água. Além da questão do urbanismo ligado com a natureza o parque também busca a conexão da cidade que é incentivada com a criação de uma passarela em baixo da Ponte Honestino Guimarães que conecta o Pontão do Lago Sul ao Parque, pontos de ônibus e ciclovias internas conectadas com as externas ao parque.

O desenvolvimento do projeto utilizou dois métodos: uma tabela que aglomera padrões de linguagem para analisar parques urbanos sensíveis à água e o processo participativo. A tabela utilizada foi desenvolvida no artigo que escrevi Parques Urbanos Sensíveis à Água que tem como fonte o trabalho de Liza Andrade que correlaciona os padrões de linguagem de Christopher Alexander com as diretrizes definidas pelo programa australiano Desenho Urbano Sensível à Água. Esse método visa sistematizar a analise de pontos não visíveis no desenho urbano do projeto e são organizados em tabelas ou diagramas. Os padrões mais relevantes para este trabalho são os padrões que apresentam elementos relacionados à parques, como água e áreas livres e verdes. Alexander afirma que e as pessoas têm “um desejo primitivo por corpos d’água, porém o movimento das pessoas em direção à essa água também pode destruí-la.”., sendo assim, é necessário permitir que os assentamentos urbanos mais densos cheguem mais próximos à água, mas todas as medidas para promover a sustentabilidade do local devem ser tomadas.

O processo participativo envolve a comunidade em torno do projeto, neste caso envolveu as pessoas que organizam e frequentam o projeto esportivo praia do Cerrado que já ocorre na ARIE do Bosque. Esse processo tem a intenção de fazer um projeto adequado aos anseios de quem já utiliza o local e também aumentar a influência nas decisões de partido. Este processo foi baseado na aplicação de um questionário aos usuários do parque e por informações fornecidas pelo criador do programa esportivo que acontece no local. Um dos organizadores do projeto esportivo Praia do Cerrado, Sergio Marques, que aluga caiaques e SUP’s na área, além de colaborar com a manutenção do terreno e ter direito de uso da área explicou sobre todos os problemas que já ocorrem no local. O questionário foi a segunda ferramenta utilizada para identificar os anseios da população diante do parque e foi aplicado com os usuários do parque e também na internet.


A inspiração da forma orgânica do desenho urbano do parque são as ondas da água e a geometria da arquitetura foi criada a partir das estruturas em membrana existentes no local. O método de padrões foi utilizado para definir as necessidades do parque e assim as estruturas que foram inseridas são: uma área de restaurante, banheiros, decks, passarelas, lagoas de drenagem, quadras de esportes e um lookout para admirar a vista e ser uma área de descanso. A arquitetura é feita utilizando madeira, encaixes e telas de metal, procurando utilizar materiais sustentáveis. Concluindo, o projeto procurar manter a área preservada, mas sendo utilizada pela população com consciência e aproximando o brasiliense do Lago Paranoá.

Pular para o conteúdo