Quem somos

No contexto interno da UnB, o Programa de Residência Multiprofissional CTS foi organizado por membros do Grupo de Pesquisa e Extensão Periférico, trabalhos emergentes (Laboratório Periférico Assessoria Sociotécnica), no âmbito do projeto de pesquisa “A produção do Habitat no território do DF e entorno: os ecossistemas urbanos e rurais e a assessoria sociotécnica”; membros da Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares bem como por professores e pesquisadores do Núcleo de Agroecologia; da Faculdade de Agricultura e Medicina Veterinária/FAV e do CDS-UnB; Faculdade de Educação/FE; da Faculdade de Saúde Coletiva de Ceilândia. Contou com a parceria da Nucleação da Residência AU+E UFBA/UnB, das Redes BrCidades e Moradia-Assessoria, da Fiocruz, do CAU/BR e CAU/DF bem como dos movimentos sociais MST, MTD e MTST e associações comunitárias AMREDS – Associação dos Moradores, Lutadores e Apoiadores do Residencial Dorothy Stang, Associação Renovadora Quilombo Mesquita e Instituto Social Maior – Paranoá Parque.

O projeto de pesquisa e extensão envolveu um curso de formação e educação para promover assessoria sociotécnica em planos de gestão social para a produção do habitat, agroecologia, geração de trabalho e economia solidária, saúde ecossistêmica e saneamento. A pesquisa aborda a relevância da integração de tecnologias sociais no âmbito das comunidades, com foco no desenvolvimento de práticas sustentáveis e inclusivas. A primeira edição da Residência teve a finalidade de capacitar simultaneamente agentes técnicos e agentes territoriais aptos a atuarem como multiplicadores de iniciativas protagonizadas por sujeitos, grupos e comunidades de sete territórios do entorno do DF na formulação de microprojetos e programas locais. Trata-se de uma proposta que une Pós-Graduação Lato Sensu e Extensão, e se relaciona com áreas de demandas sociais por assessoria sociotécnica e tecnológica articulando recursos, pessoas, entidades, ferramentas e táticas territoriais.  Conforme relatado anteriormente a Residência CTS atuou em 7 territórios do DF e Entorno e envolveu os seguintes parceiros/beneficiários:

  • Cidade Estrutural/Santa Luzia – Associação das Mulheres Poderosas de Santa Luzia; Associação dos Moradores de Santa Luzia Cidade Estrutural/DF;
  • ARIS Dorothy Stang/Sobradinho DF – Associação dos Moradores, Lutadores e Apoiadores do Residencial DorothyStang
  • ARIS Sol Nascente/Ceilândia/DF – Casa da Natureza e MTD – Movimento das Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos e MTST – Movimento dos Trabalhadores Sem Teto
  • Assentamento Rural Pequeno William/MST/Planaltina/DF – ASPRAFES – Associação dos Produtores Rurais e Agricultores FA;
  • Assentamento OzielII – Pipiripau–Planaltina/DF – APRACOA – Associação dos Produtores Rurais e Artesanais e APROSPERA – Associação dos Produtores Agroecológicos do Alto São Bartolomeu
  • Quilombo Mesquita/Cidade Ocidental/GO – Associação Renovadora do Quilombo Mesquita; CONAQ
  • Serrinha do Paranoá/Paranoá Parque PMCMV – Preserva Serrinha; Oca do Sol, Instituto Social Maior.
Na 2a edição da Residência CTS, em substituição aos dois assentamentos rurais, serão incluídos dois novos territórios: Assentamento Rural Canaã e Ecoagrovila Renascer/Palmares.

Nos ambientes dos circuitos da economia popular, não existe a tradicional segurança jurídica, fiscal, financeira e bancária; contudo, o trabalho e a prestação de serviços e trocas se dão francamente, e até o crédito é compartilhado por laços de vizinhança, costume e hábito do compadrio e amizade. Tal orientação é compartilhada pelas experiências brasileiras de criar microprojetos demandados pelos grupos e pessoas em vizinhança nos bairros populares para acessar recursos de moeda corrente e social pelos bancos comunitários de desenvolvimento.

Nos territórios populares, o direito à cidade e o direito à moradia são equivalentes à criação de direito à tecnologia social entendida como domínio das formas de produção autogeridas mediante o trabalho associado das comunidades. Na cidade, sob as características históricas da chamada autoconstrução e suas formas organizativas, este domínio do ciclo produtivo sobre as condições sociotécnicas de organização de lideranças, movimentos sociais e populares, pode ser fomentado por projetos semi-estruturados de ensino-pesquisa-extensão no formato de Residência Multiprofissional.

Uma das principais diretrizes norteadoras e inovadoras do projeto político-pedagógico da Residência refere-se à inclusão de outros saberes e táticas para contribuir na construção de um conhecimento coletivo e solidário com os co-desenvolvedores. Essa inclusão permitiu criar métodos, processos e técnicas que contribuem para equacionar problemas sociais e mediar conflitos socioambientais na luta pelos direitos essenciais das populações excluídas do processo de planejamento do território, que pelas práticas de resistência configuram novas tipologias de ocupações urbanas e rurais a serem incorporadas na construção compartilhada de projetos de intervenção local.

Os principais objetivos deste estudo são: desenvolver e implementar microprojetos e programas de ação local (MPAL) que possam ser replicados em outras comunidades com características similares, e estabelecer uma metodologia eficaz de assessoria sociotécnica que incorpore a participação comunitária no planejamento e execução de tais projetos. A implementação de práticas de tecnologia social, quando integradas às metodologias de ensino, pesquisa e extensão, pode efetivamente contribuir para a transformação socioeconômica das comunidades envolvidas.

O envolvimento ativo das comunidades locais no desenvolvimento e implementação de projetos pode aumentar a sustentabilidade e a eficácia das soluções tecnológicas e sociais propostas. A residência multidisciplinar em ciência, tecnologia e sociedade pode ser um modelo eficaz para a capacitação de lideranças comunitárias, permitindo a gestão e a execução autônoma de projetos de tecnologia social.

Esta pesquisa será fundamentada em teorias e práticas anteriores nas áreas de tecnologia social, gestão territorial, e desenvolvimento sustentável, explorando como essas áreas podem interagir de maneira sinérgica para produzir resultados positivos em comunidades marginalizadas. A investigação se apoia em uma estrutura transdisciplinar e participativa, refletindo as necessidades e os conhecimentos específicos das comunidades envolvidas, conforme sugerido por Neder (2016) e Dagnino (2014), que defendem uma abordagem mais inclusiva e socialmente responsável no desenvolvimento tecnológico e científico.

As quatro dimensões que foram trabalhadas na assessoria sociotécnica são a saber: (i) produção do habitat, (ii) agroecologia periurbana e local, (iii) trabalho, ocupação e rendimento e (iv) saúde e saneamento. Em paralelo, o curso lato sensu envolve formação e educação visando produção cognitiva de tecnologia social e tecnociência solidária, a partir de três princípios:

  1. trabalhar códigos técnicos e padrões na resolução dos MPAL – Microprojetos e Programas de Ação Local mediante assessoria sociotécnica com foco em processos participativos descentralizados junto aos grupos sociais incialmente em sete territórios no DF.
  2. implantar metodologia que leve em conta novas linguagens para expressar a política cognitiva (popular, comunitária e identitária) de lideranças comunitários e de movimentos sociais, a fim de ampliar a compreensão e reflexão diante das barreiras disciplinares, educacionais e escolares
  3. formas associativas comunitárias e autogestionárias de sistema socioeconômico aberto, amparado nos valores da cooperação e da solidariedade denominado de economia solidária.

O especialista formado para atuar com MPAL (microprojetos e programas de ação local) intitula-se “Especialista em Adequação Sociotécnica Multiprofissional para Habitação, Economia Solidária, Agroecologia e Saúde Ecossistêmica no Território”.

A próxima edição da Residência Multiprofissional CTS – Habitat, Agroecologia, Economia Solidária e Saúde Ecossistêmica do PPG/FAU-UnB terá início em novembro de 2024.

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