Planejamento espacial e espaços socioprodutivos
Espaços Socioprodutivos Para o Assentamento Rural Pequeno William
Camila Maia
Pequeno William, ainda é uma criança que vive, brinca e cresce por entre as árvores tortuosas e esculturais do terceiro maior bioma do Brasil. Talvez ele não saiba que brinca dentre o ouro da biodiversidade que se perde a cada dia no centro-oeste deste país. Talvez ele não saiba que guarda as chaves de um novo modo de crescer e viver, pode ser que passe a vida inteira sem saber. Mas é inegável que Pequeno William cresce, e estende seus braços para fora de si mesmo, quase alcança a cidade que está perto, e a cidade também quase o alcança. Essa aproximação promove trocas que contaminam tanto um lado como o outro. Será que presenciamos a extinção da identidade rural ou o nascimento de um modo de vida que se sobrepõe aos conceitos geográficos até então conhecidos? Buscamos aqui, entender e questionar como evoluem espaços e comunidades como o Pequeno William, que se situam no intervalo campo-cidade gerando contradições, contrastes e sobreposições em um sistema complexo e de rica interação. Temos como ponto central de estudo e proposta as áreas de uso coletivo das famílias que vivem no assentamento Pequeno William. São 5 espaços de uso comunitário, que devem abrigar desde atividades de produção coletiva até atividades de formação e convivência, proporcionando maior interação entre os moradores.
No decorrer do percursso metodológico, entre observações, pesquisas e escutas de inúmeras histórias, apreendeu-se aquilo que seria a espinha dorsal desse trabalho: o resgate da prática produtiva enquanto cultura e veículo de interação comunitária. Nesse momento houve uma definição de qual seria o objetivo desses espaços construídos: abrigar atividades produtivas permitindo seu diálogo entre o saber tradicional de que se origina e a necessidade de adequação às exigências sanitárias de comercialização. É nesse momento que a demanda por “projetos de agroindústrias“ se transforma na visão de Es paços sócio-produtivos, onde o produzir coletivamente ocupa o centro da discussão e todas as demais atividades que derivam dessa prática contribuem em torná-la mais cultural, agroecológica e identitária, construindo um sistema de interações.
Céu na Terra: construindo cenários sustentáveis no Assentamento Oziel Alves III
Raíssa Mesquita
Sendo um trabalho com caráter de extensão, articulações foram necessárias para a construção de uma rede de apoio. Assim, comecei participando de mutirões de manejo e plantio do assentamento Oziel Alves III, para então realizar as atividades participativas do trabalho, discutindo questões ambientais, econômicas, territoriais, sociais e culturais. O assentamento, conquistado pelos seus moradores junto ao MST, encontra-se no extremo Nordeste do DF, em Planaltina. Compõe um território de 2187 hectares (maior assentamento da reforma agrária no DF), em que mais de 180 famílias se distribuem em 168 chácaras dispostas sobre o território em formato de Agrovilas. Dentre os fatores ambientais, destaco os avanços agroecológicos promovidos pelos assentados e seus parceiros como forma de recuperar as áreas degradadas pelo pasto, fator extremamente importante diante da condição de todo o território do assentamento como recarga de manancial do rio Pipiripau. Dentre os fatores territoriais, apesar de inúmeros, destaco a necessidade de se ter uma ação mais horizontal, compartilhando ferramentas e técnicas para o maior empoderamento socioeconômico dos assentados, e valorizando seus saberes tradicionais.